terça-feira, 18 de novembro de 2008

lambeossauros


A função da crista na cabeça dos lambeossauros, répteis herbívoros que viveram há cerca de 75 milhões de anos, sempre intrigou os paleontólogos. Para que servia ela, afinal? Agora, com a técnica de tomografia computadorizada, cientistas dos Estados Unidos e do Canadá chegaram mais perto de uma resposta: a estrutura tinha função de comunicação entre indivíduos, sugere o estudo. A conclusão foi tirada a partir da análise de um modelo digital tridimensional do crânio do lambeossauro. O modelo revelou aos cientistas detalhes sobre como era o cérebro desse réptil pré-histórico. “Pela primeira vez a estrutura cerebral e a cavidade interna do ouvido de um lambeossauro puderam ser visualizadas,” disse à CH On-line o paleontólogo Larry Witmer, professor da Universidade de Ohio e co-autor do estudo. A pesquisa também contou com a participação de cientistas das universidades do Estado de Montana, nos Estados Unidos, e de Toronto, no Canadá. Os resultados foram apresentados na semana passada no encontro anual da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, realizado em Cleveland (EUA). O lambeossauro, dinossauro herbívoro com bico de pato que viveu durante o período Cretáceo, foi descrito no início do século 20. Ao longo dos anos, muitos paleontólogos tentaram explicar a função de sua crista. Como essa estrutura óssea está diretamente ligada à cavidade nasal, muitos postularam que ela auxiliaria o olfato, ou até mesmo que serviria para controlar a temperatura.
Reconstrução do crânio de um lambeossauro jovem e de outro em crescimento a partir de tomografia computadorizada. A cavidade nasal está realçada em verde, e o cérebro aparece em lilás. A estrutura interna do ouvido confirma que esses répteis eram capazes de se comunicar por ondas sonoras de baixa freqüência (imagens: Witmer & Ridgely, Univ. de Ohio).No entanto, os resultados do novo estudo reforçam a hipótese da função comunicativa da crista, que já havia sido sugerida anteriormente. “Além de servir como ornamento, a crista acomodava as passagens nasais, permitindo a vocalização através de câmaras de ressonância sonora”, explica Witmer. Distinção de sexo e idade A tomografia computadorizada permitiu aos paleontólogos verificar que os ouvidos do lambeossauro eram capazes de captar os chamados de baixa freqüência que percorriam longas distâncias. Diante disso, eles concluíram que as câmaras de ressonância sonora eram importantes para auxiliar na emissão dos tons desses chamados. “Essa característica permitia que os lambeossauros diferenciassem as espécies, distinguissem machos e fêmeas e determinassem qual era o animal mais velho ou o mais saudável pelo som”, acrescenta Witmer. O estudo sugere ainda que a evolução da crista permitiu facilitar a comunicação, pois a capacidade auditiva se desenvolveu junto com a vocal. Witmer adianta que, nos próximos meses, sua equipe publicará outros estudos com a análise de de fósseis com tomografia computadorizada. “Estamos analisando a evolução do cérebro e do sistema nervoso para entendermos e analisarmos o comportamento dos dinossauros”, resume.

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