A colisão de um cometa com a Terra há aproximadamente 55 milhões de anos pode ter dado o pontapé inicial na primeira fase da evolução dos mamíferos.
O impacto teria dado início ao efeito estufa que estimulou os primeiros mamíferos a se disperçarem pelo mundo e a se diversificarem em três importantes grupos que se mantém até hoje.
Esses grupos são os artiodáctilos, os perissodátilos e os primatas – categoria que inclui os humanos.
Entre os artiodáctilos modernos estão as ovelhas, os porcos, os camelos e as girafas. Entre os perissodátilos, os cavalos, rinocerontes e zebras.
Colisão
A teoria foi publicada na revista científica Earth and Planetary Science Letters e é assinada por especialistas de várias universidades americanas.
A colisão coincide com o claro limite que divide as eras geológicas terrestres paleogênea e eocênica.
Os cientistas desenvolveram a teoria após investigar sedimentos de rocha coletados na costa oeste dos Estados Unidos.
É possível saber pela composição das rochas e sedimentos marinhos petrificados durante a passagem do período paleogêneo para o eocênico que as temperaturas globais àquela época aumentaram seis graus celsius em menos de 10 mil anos – em um evento conhecido como "máxima termal".
Isso teria aquecido o gelo em latitudes ao norte onde a maioria dos corredores de terra na era eocênica eram localizados.
O aquecimento repentino fez que o norte do planeta se tornasse habitável, permitindo a mamíferos se disperçar pelos novos continentes.
Com essa disperção, eles se diversificaram – talvez por causa das diferentes fontes de comida.
O limite paleogêneo-eocêntrico também coincide com a grande introdução da forma de carbono conhecida como carbono 12C no ciclo carbônico na Terra.
Isso acelerou os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global responsável pela máxima termal que durou de 100 mil a 150 mil anos.
Uma das teorias dominantes no meio científico americano é que a introdução do carbono ocorreu através de uma repentina liberação do fundo do mar de gás metano congelado.
O aquecimento geral da temperatura dos oceanos teria começado a fundir o gelo, mandando uma quantidade de gás para a atmosfera, tornando a temperatura ainda mais alta.
Contestação
Mas essa versão da história é agora contestada pela nova teoria apresentada.
As novas informações parecem sustentar que foi o impacto de um cometa – em vez do aquecimento da água do mar – que liberou na atmosfera terrestre uma grande quantidade de gás carbônico possivelmente responsável pelo aumento rápido da temperatura.
"A máxima termal parece ter sido um evento transitório, sem relação com qualquer coisa que controle as tendências climáticas de um período longo", disse o professor Dennis Kent, um geólogo da Universidade de Rutgers e co-autor do novo estudo.
Mas o professor Kent reconhece que o metano liberado do fundo do mar pode ter prolongado o período de aquecimento.
"Nós estamos sugerindo que houve uma nova fonte de carbono 12C para iniciar o processo", explicou.
O professor Kent e sua equipe dizem que o impacto pode ter sido causado por um objeto medindo aproximadamente 10 quilômetros - aproximadamente o tamanho do cometa Halley.
Os pesquisadores analisaram as camadas de rocha que coincidiam com a divisa entre os períodos paleogêneo e eocêntrico nos três sedimentos localizados abaixo da costa atlântica do estado americano de Nova Jersey.
Resultado diferente
Eles encontraram finas partículas ricas em ferro parecidas com aquelas encontradas em lugares com 65 milhões de anos associados com a colisão de um cometa ou asteróide que supostamente matou os dinossauros.
Nesse caso, acredita-se que as partículas se formaram a partir da núvem de fumaça provocada pelo impacto da explosão que causou a extinção dos dinossauros.
Na mesma linha, os autores do novo estudo sugerem que partículas ricas em ferro encontradas nas rochas analisadas se formaram da mesma maneira - através de uma colisão.
O professor Kent especula que o objeto responsável pelo impacto pode ter sido uma bola de neve contendo uma pequena rocha.
Isto pode explicar uma relativa ausência nas pedras atlânticas de irídio, um elemento encontrado abundantemente em meteoritos e em barro sedimentado com 65 milhões de anos.
William Clyde, um geólogo da Universidade de New Hampshire, se mostrou cético sobre a teoria, mas disse que ela provocaria futuras investigações sobre os mecanismos por trás da máxima termal.
O novo estudo poderia reforçar a teoria de que a vida na Terra foi moldada por impactos vindos do espaço.
Se um desses impactos matou os dinossauros, é talvez irônico que outro possa ter ajudado os mamíferos a se diversificarem.
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Olá! Muito bom seu blog, más a extinção que matou os dinossauros foi há 65 milhões de anos, e não 55. (No mínimo 65,5).
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